Você já ouviu falar ou já leu algo sobre Lionel Poilâne?

E o que isso tem a ver com o assunto deste texto?

Bem, ele foi um padeiro francês reconhecido mundialmente pelo modo de fabricação de seus pães, os quais passam por processos manuais até hoje e são apreciados pelo sabor e alta qualidade em todo o mundo.

Conheci a história dele por meio do livro “A Vaca Roxa” (“Purple Cow”, no original), do Seth Godin, um autor best-seller considerado por muitos uma das maiores vozes do marketing. Lionel recebeu um espaço especial na dedicatória, em que lemos: “Extraordinário de todas as formas”.

E por que ele é reconhecido assim?

Simplesmente porque a dedicação contínua dele em relação à fabricação de pães e outros produtos, conservando técnicas de antigas gerações, era reconhecida a cada vez que um cliente — novo ou antigo — colocava um pedaço de pão na boca.

Excelência: a diferença está nos detalhes

A excelência, neste exemplo, não se baseia apenas nas técnicas transmitidas pela família de Lionel, mas também em reconhecer que equipamentos de ponta não são peças-chave para a qualidade do produto, e sim o contato do padeiro com o alimento, a maneira certa de sovar a massa, a qualidade dos ingredientes, entre outros cuidados durante todo o processo.

A excelência em todos os aspectos do negócio desse padeiro francês vem de um modelo tradicional que não precisa, necessariamente, de inovações tecnológicas para funcionar:

  • o forno utilizado para assar os pães é à lenha;
  • as balanças que pesam os produtos são de gerações passadas;
  • a farinha usada é moída em um moinho de pedra;
  • os produtos são fabricados manualmente com ingredientes selecionados;
  • utiliza-se técnicas antigas de fermentação natural no processo de fabricação de pães.

Apesar do uso de máquinas específicas, Lionel Poilâne defendia que a maior parte do processo de fabricação deve ser feita manualmente, com cada pessoa sendo responsável por uma fornada do início ao fim.

Percebe o cuidado?

Cada um é o responsável pela própria trajetória

Não, este texto não é sobre pães! O conceito visto acima pode ser aplicado a absolutamente qualquer área.

Quando comecei a usar o LinkedIn, há algum tempo, vi um post interessante de um tradutor juramentado. Infelizmente não salvei o conteúdo e não recordo o nome do profissional, mas lembro que ele estava mostrando como garantia a qualidade do próprio trabalho. Ele tomava alguns cuidados, como:

  • realizar entregas de documentos em papéis cuidadosamente escolhidos e com a gramatura ideal;
  • assinar com uma caneta de qualidade;
  • preferir impressões HD;
  • usar selos holográficos de segurança.

É disso que a excelência se trata.

Um atendimento sempre humanizado, trabalhos bem feitos, experiências e conhecimentos adquiridos com o tempo são fundamentais na vida de qualquer pessoa que vende produtos ou presta serviços, claro. Mas, como vimos no tópico anterior, são os detalhes que diferenciam um profissional de outro.

O aprendizado rumo ao topo

Erros são comuns, todos erramos.

Já recebi vários tipos de feedback, cada um com seu valor. Há os bons e há os nem tão bons assim: enquanto os da primeira categoria fazem a gente comemorar e entender o que está dando certo, os da segunda nos ajudam a identificar pontos fracos e melhorar.

Este assunto me lembra de um vídeo de um colega tradutor, o Juliano do canal do YouTube Viver de Tradução, em que ele fala abertamente sobre feedbacks ruins que recebeu. Em certo momento, ele diz que uma equipe de Gerentes de Projetos o considerou “o pior tradutor do mundo”. Ler uma coisa dessas deve ser complicado, não é?

Ao mesmo tempo que falava sobre a dura crítica, acredito que ele sabia que outros clientes continuariam estimando seu trabalho, e daí a confiança em expor isso abertamente aos seguidores do canal e ajudá-los por meio da própria experiência.

Casos específicos à parte, isso exemplifica bem que reconhecer nossos pontos fortes e fracos nos dá uma visão mais ampla da situação. O que poderia ter sido apenas um soco na autoestima profissional acaba se tornando um elemento valioso de crescimento.

Se não está bom, tente mais uma vez! E outra… E mais outra…

É importante reconhecermos nossas limitações para que possamos tirar as pedras do meio do caminho. Afinal, esse autorreconhecimento abre espaço para o nosso aperfeiçoamento.

A princípio, o valor da excelência não está na perfeição em si, e sim em fazer o melhor e continuar se aprimorando até se aproximar de algo que possa ser considerado mais do que satisfatório. É válido lembrar que algumas coisas só vêm com o tempo, não adianta forçar.

A excelência deve ser prioridade até para aqueles que estão ingressando na vida profissional, porque o valor desse atributo é mais do que apenas sermos lembrados e elogiados: é sabermos que fizemos o que estava ao nosso alcance da melhor maneira possível, sempre pensando na qualidade do trabalho, no cliente, na equipe e no valor que parte de nós para os outros.

Por fim, vale ressaltar que a busca de melhorias a nível pessoal e profissional deve resistir às falhas (que, com certeza, vão acontecer!). Para entender um pouco mais sobre como a nossa mente lida com erros e tentativas frustradas, e o que fazer para evitar problemas relacionados a isso, leia este artigo sobre o Desamparo aprendido!

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